terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sem jeito

E todos os moleques legais da cidade saíram essa noite pra fazer algo de errado, e todas as meninas legais da cidade estão em casa com febre, e todos os moleques legais vão comprar bebidas e cigarros pra passarem a noite jogando pedrinhas nas janelas das meninas legais pra elas se levantarem fervendo de raiva e jogarem alguma coisa neles, mas então irem se deitar sorrindo, já que eles não conseguem ver que elas não ficaram com raiva lá de baixo, como se eles não soubessem que elas amaram. Todo mundo se sorri, a noite vai baixa ainda, mal começou, mas o tempo come a carne e engole os ossos, tudo e tudo vira pó de novo e de novo, as novidades vão ficando velhas mas pode ter certeza que o beijo vai sempre ter o mesmo gosto, que o abraço vai ser com a mesma força e que o céu vai brilhar alto e distante como nossos sonhos, como ele insiste em fazer toda a noite.
Todos os moleques legais vão fazer piadas sobre a virgindade do mais novo e vão esquecer de quase tudo que não importa depois da terceira garrafa de vinho barato. Vão pedalar devagar e bater em carros quando começarem a perder o senso de direção, vão chegar em casa com a luz do sol e com cheiro de sorriso nas roupas, vão dormir até tarde e quando acordarem, todos os moleques legais da cidade vão roubar alguma comida nas próprias geladeiras e vão aproveitar o dia de sol no lago.
Então as meninas mais legais e resistentes vão aparecer, livres da febre, todos consumidos pela paixão, moribundos de amor, na água, debaixo do sol amigo, areia entre os dedos, juventude imortal.

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