quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Peso Pesado

Muitos caminhos fáceis e muitas maneiras de desistir sem parecer que desistiu, muitos jeitos de largar tudo e muitas desculpas.
Calado e de cabeça baixa ele seguia, preocupado com quase tudo que se pode imaginar, levando nos ombros o peso de três mundos, por pura vontade. Não que ele controlasse isso, era só que acontecia. As coisas acumulavam, os problemas que muitas vezes nem eram dele, ele levava, sem notar. Uma coisa que ele notava era o peso. O peso incomodava.
Com a cara fechada e um pé machucado, mancando e respirando com dificuldade ele se depara com outra colina no caminho. Bufa o ar dos pulmões e sobe devagar. O pé dói.
Em sua mente era como se a cada segundo piscasse a frase: "merda merda merda".
Merda merda raiva raiva. Estava longe de se iluminar de qualquer jeito, mas seguia, com ódio.
E então ele julgou estar morrendo. O peso em suas costas começava a sumir, os pensamentos odiosos e de frustração desapareciam aos poucos, o ar ficava mais limpo e a dor no pé ia sumindo. No topo da colina ele estava alvo e leve, ousou sorri. Foi feliz.
Então percebeu que devia descer a colina e entrar em outro vale, onde eventualmente o peso aumentaria, o pé doeria como nunca e a cabeça latejaria em ódio.
E nada mais, seguiu, perdendo brancura, ganhando veneno, ódio. Dentro do vale das sombras onde sequer a mais leve e fosca luz chega ele estava, pisando com seu pé machucado em charcos fedorentos e respirando um ar podre, com três mil mundos nas costas, esperando outra colina. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário