Todas as palavras ditas em furor de sangue pulsante em ritmo desordenado pelas artérias tem mais valor do que ouro e é mais volátil que água, escorrendo em nossas mãos. São ao mesmo tempo verdadeiras e em seguida apenas sílabas, da boca pra fora, calor do momento. Mesmo uma mente ardilosa que busca enganar um alguém, ou um predador que busca ludibriar sua presa através de mentiras, acaba dizendo verdades, verdades que duram 10 segundos, mas que foram verdade, que podem ter ou não machucado ou aliviado. Mesmo que depois se afirme que tudo era mentira, a então mentira foi verdade, verdade do coração, verdade da paixão que mata o amor.
Faziam 3 meses que ele se enturmara e ninguém sabia muito bem de onde ele viera, ele não era de falar muito, mas quando falava, sabia o que dizia e logo apanhava pelo ponto fraco a atenção da pessoa, era quieto e certeiro. Logo despertou o interesse de jovens corações que queriam tão somente serem compreendidos e amados por alguém. Ele logo fez amizades sólidas e formou uma banda, mas não queria os créditos pra ele, não, nunca o faria.
Tocavam covers, de Paramore a Artic Monkeys, faziam mais sucesso do que se podia esperar, faziam sucesso ao menos naquela esfera adolescente da qual eles faziam parte, e os integrantes da The 8 Gang logo colheram os frutos da pequena fama que lhes acorria.
Ela era tímida e linda. Mas nada de inocente, tinha aquela tenacidade árdua e amarga quando era preciso. Era como óleo na água, e por mais que tentasse se unir as outras pessoas, tudo que conseguia eram relações superficiais, tanto de amizades quanto as duas únicas vezes em que ela tivera um relacionamento com alguém, que logo terminavam. Era intensa e firme, inteligente e certa de muitas coisas. Incorruptível a influências externas e seu sorriso era flor de uma estação só.
Ela conheceu Ele.
Tão intenso quanto a artilharia das baquetas dele foi o fogo que queimou entre os dois, 17 e 16, nada mais a se pensar, tudo mais a se fazer.
Ele conseguiu a dobrar de uma maneira surreal e os olhos sem vida que ambos sustentavam se tornavam fontes de regojizo quando se encontravam. Ainda assim nada foi instantâneo, e custou até se conhecessem de maneira satisfatória. Na maioria das vezes se falavam nos shows dele ou as vezes de noite, entre amigos em comum. Não eram muito de sair sem ter o que fazer, só saiam quando tinham algo em mente, e agora tinham.
Quando o coração dela irrompeu em declarações e se jogou de cabeça no que ela mais odiava e no momento não fazia diferença, ela queria ele e mesmo que o juízo final se desse no minuto seguinte a ela conseguí-lo, ela estaria satisfeita.
No momento que o coração dele o avisou.
Foi então marcado o aguardado momento. Mais noite do que se podia exigir. Ela quis numa noite de lua cheia por achar romântico e ele por achar conveniente.
Ela o aguardava com as batidas cardíacas inumanamente apaixonadas, no seu casaco preto que cobria apenas sua camisa do The Killers. Esfregava as mãos e olhava ao redor, procurando por onde ele viria.
Chovera mais cedo e tudo estava úmido e meio enevoado.
Frio.
Ele subiu pela ladeira que levava pela parte de trás até onde ela o esperava. Capuz na cabeça, casaco preto, all-star preto com machinhas e bermudas. Também uma camisa. Do The Killers. Ele soltava aquelas nuvens de fumaça pela boca que o frio provoca e ao erguer a cabeça a viu de longe. Sua pele geralmente pálida agora contava com olheiras profundas e uma expressão longa.
Nada mais reconfortante numa noite fria do que o calor do abraço apaixonado.
Riram e brincaram por estarem com a mesma camisa e sem pensar suas vezes foram para o canto mais escuro que puderam achar, tão escondido e confortável que parecia ter sido feito somente para aquele momento.
Beijos foram trocados, muitos deles, ambos estavam no próprio mundo, Ela que nunca se entregara dessa maneira a alguém estava em um estado de euforia indescritível.
"Eu te amo..."
"Eu também..."
Olhares e carinho, beijos e uma sensação nova para ambos.
Ele quase se esquecera do que lhe trouxera ali.
Levantando carinhosamente seus cabelo lhe beijava a face e tudo que Ela podia fazer era sorrir. Seus lábios eram como o remédio pra toda a amargura que ela guardara na sua curta vida, e eles foram descendo, pela sua boca, seu maxilar, seu pescoço... Sua jugular...
Suas órbitas saltaram em assombro e antes que ela pudesse disferir algum grito de agonia, Ele já a tinha dentro de si, já havia lhe subtraído o sangue que muitas vezes pulsara forte por causa dele, absorvia e não sentia culpa, sentia sabor.
Amara ela.
Admiravelmente inquietante.
ResponderExcluirNossa! Feliz em te ler. Sério.
ResponderExcluir=)
TRISTE SABER QUE QDO 2 VAZIOS SE ENCONTRAM LIBERAM NDA MAIS DO QUE ESCURIDÃO.
ResponderExcluir*-*
ResponderExcluirTexto inquetante, admirável e esperto, do jeito que deixa o leitor aflito e irriquieto, lembrando-se de ler mais devagar para não perder nenhum detalhe e, finalmente, triste pelo fim prematuro; a única pergunta que resta é: Como consegues escrever tão bem, homem?!
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