Andas sozinho sem temor, pois apesar de estar no escuro, vossa mente perambula outros espaços, até tomardes consciência de onde estás, na penumbra.
Começa a vir-lhe a cabeça tudo que você sabe e se lembra sobre o oculto, mas nada é claro, e tudo lhe deixa com medo. Enquanto mais tentas não pensar, mais vai se embrenhar nos vales enegrecidos da fobia. Vai ouvir passos atrás de si, o suor frio vai escorrer-lhe a face e forçar você a limpá-lo, tamparás os olhos por segundos e - será que terás coragem de abri-los novamente? o que você há de ver?
Num surto que depois foi reprovado, você abre, e vê nada. Talvez pior do que ver algo. Anda pelo corredor e observa com força á sua frente, esperando que algo (ou alguém) materialize-se, mas nada. Dobras o corredor e aguarda com o coração na boca que algo lhe tire o sangue das veias. Nada e nada além de mais nada lhe assusta.
Sua cabeça pulsa como se acomodasse uma fábrica, e, de fato, acomoda. A fábrica de seus medos infundados, sem razão lógica ou consistência racional. Seu rosto toma expressões de um fugitivo e você começa a ouvir ruídos demais, vultos se arrastam e as sombras dançam, mas nada de concreto
Nada de concreto a não ser o interruptor, que atende as suas preces e acende a lâmpada, você a fita semi-cerrando os olhos e ela lhe dá adeus para dentro da escuridão novamente.
O pânico é crescente como a lua que está lá fora, as manchas de luz que a lâmpada lhe infligira tornam-se fantasmas e tumores em sua mente . Está tão sozinho quanto um louco, na companhia de suas infinitas quimeras. Sua respiração é tão inconstante quanto seu raciocínio, sua paranóia e mais clara do que seus olhos azuis. Você abaixa a cabeça e caminha de volta ao seu leito. Atrás de você alguém vem, mas você não vai virar pra olhar, pois sabe que tem alguém lá. Passa a mão pela parede do quarto em busca do interruptor e logo para, temeroso de que eles a segurem e tomem para sí.
Cada canto é suspeito e seus olhos procuram observar o mais nada o possível. Suas orelhas se tornam frias como o gelo que é seu coração, seus pés se tornam alvo fácil para os demônios que sua cabeça criou, você se torna seu inimigo e se infurna em seu lençol, na segurança de sua cama.
Segurança?
Recolhe e repuxa os pés para não serem puxados, sente vontade de levantar mas não o faz, agora é tarde, só o sono pode te livrar da presença deles. Mas não está fácil conseguir isso. Talvez seja só sua mente realmente, talvez se você tomasse coragem e se levantasse. É claro que não, estão ali, e são mais reais do que sua dor. Seu hálito é como fogo do inferno e sua respiração como os lamentos de um injustiçado, tenta se calar de seus próprios ruídos, mas nota que o silêncio atrás deles grita mais alto e sussurra inexistências. Falar sozinho é pior, pois eles podem querer responder. Nem a sede nem a fome vão lhe fazer levantar antes do nascer do sol. Os pingos de água e o frio que a chuva incide sobre seu teto tornam tudo cada vez mais insuportável. Sente frio na nuca e em todo corpo, espera a qualquer segundo um toque de dedos frios e longos como os minutos que se arrastam nessa noite de terror, em que o carrasco e o condenado são você e você.
momentos de terror que temos, são bem descritos nesse texto. gostei mesmi
ResponderExcluir"...o carrasco e o condenado são você e você."
ResponderExcluiraaaaah, ainda surto com seus textooos! *----*
Essas sensações me soam familiares d+, e nunca consegui escrever sobre. Aliás não escrevo sobre nada mais.
ResponderExcluirSou sua fã!
=*
Bastante inquietante, eu diria. O medo nos pericia de modo incalculável, e, assim, é capaz de dominar-mos. Nossa arma contra nosso medo é nossa coragem.
ResponderExcluirMuito bom.Descreveu muito bem a sensaçao q eu tenho!
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