quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

sad kind of person

Aquele tipo triste de pessoa que envelhece antes do tempo e tudo que sabe fazer é falar de coisas que os outros esqueceram ou não se importam mais. Aquele tipo triste de pessoa que envelhece muito cedo e por isso perde os amores, ou as dores, e tudo que tem e bom pra ser vivido. Se fecha um casulo de segurança e não sai de lá nunca, tão confortável, tão seguro, não tem motivos pra largar a tristeza que acompanha, é sempre tão bom manter a cara fechada e não responder as pessoas inferiores, as felizes, elas que não ousem se meter na sua tristeza.
Aquele tipo triste de pessoa que sorri pra todo mundo, mas que se satisfaz fazendo coisas que não fala nem pra si mesmo, coisas que simplesmente faz, se satisfaz e cala. Aquele tipo triste de pessoa que tá ali sentada no bar, tomando aquele café que já esfriou a dez minutos, mas que ainda vai esperar mais uns quinze pra tomar tudo, só pra ficar olhando a garçonete favorita que ele nunca vai ter coragem de chamar pra sair, por pura convicção de que ela não vai aceitar nem em mil anos. Nesse ritmo ele segue, sendo aquele tipo triste de pessoa, que cedo ou tarde para de ir ao trabalho e compra milhões de quebra cabeças e vai montando eles até morrer de fome, sem se lembrar sequer de piscar ou de falar uma palavra em semanas. Vai só engolindo saliva seca e rindo uma vez ou outra de nada, então fala alguma coisa sozinho, vai repetindo e repetindo, rindo, a sanidade vai indo embora depressa.
Aquele tipo triste de pessoa que serve uma dose de café todo dia para aquela mesma pessoa que leva quarenta minutos pra tomar uma xícara. No fim do dia, procura tudo que pode sobre a pessoa, acha tudo que pode, imprime todas as fotos, prende nas paredes, sofre e morre todo dia por um amor impossível. Ele deve ser rico, ela é só uma garçonete. Nunca ousaria falar com ele, mas o tanto que ela precisava e queria, sem medida. Aquele tipo triste de pessoa que é triste desde a infância e a muto não sabe o que é encher os pulmões de felicidade, verter lágrimas de simples e pura euforia. Aquele tipo de triste de pessoa que sequer se conhece direito.
Então ele some, não vai mais comprar cafés de quarenta minutos. É, quem liga, ela mesmo percebe que não ligava. A moça do caixa é mais bonita e sorri mais.
Aquele tipo triste de pessoa que vira notícia no jornal da noite depois de explodir o apartamento numa nuvem de gás e levar os vizinhos juntos.
Aquele tipo triste de pessoa que trabalha num caixa a anos e anos e não tem coragem de correr atrás do sonhos, só planeja e planeja, até que por fim se esquece de tudo que gosta e vira um espectro, de tão triste, de tão frio.
Aquele tipo triste de pessoa que escreve até a tinta da caneta velha acab

2 comentários:

  1. Ohh, Pedro, isto é uma verdadeira reflexão sobre a vida e como nos acomodamos... Me passou realmente mil coisas quando li isso, de todas ás vezes que desisti antes mesmo de tentar, posso dizer que quebrei a cara do mesmo jeito quando tentei, mas enfim, parabéns garoto.

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  2. A fria realidade, que quando é apenas vivida passa sem ser percebida, mas lendo-a assim me faz pensar e muito em minha própria realidade (que acaba não fugindo muito disso)...

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