terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

sad love songs plagiarized

Puxei seu braço no intuito de lhe falar mais algumas desculpas podres, e sequer notei que a machucara. Sua expressão ansiosa e angustiada, remexendo os lábios superiores e franzindo os olhos em pequenos gemidos tentando se soltar diziam mais que mil códices, não tinha jeito.
Eu entendera, mas o álcool no meu sangue ainda não.
Você se soltou e foi embora, eu não me importei, não mesmo, tinha tanta gente lá, você só era mais uma gente, podia achar outra gente pra me divertir.
Me joguei entre as pessoas, esquivando das mesas e cadeiras com toda a destreza que as Heinekens me deram, cheguei a uma mesa vazia, sentei nela.
Alguém vinha pra passar perto de mim. Uma mulher. Puxo o braço dela, chamo pra dançar, e ela, aparentemente mais alucinada que eu, aceita. Mal pude agarrar ela para começar o fétido ritual social de aproximação até uma transa, fui surpreendido pelo seu marido... ou homem.. tanto faz.
Lembro de acordar sem dois dentes em cima do meu Cadilac branco do lado de fora. Lembro com mais clareza apenas de uma dorzinha latente que subia queixo acima até o ouvido esquerdo. Meu Cadilac também parecia desdentado.
A noite estava sem lua e eu não tinha onde me segurar, senti caindo dentro de mim mesmo numa espiral de arrependimentos, sem saber ao certo o que era errado.
Lembrei de você chorando, e lembrei da maneira com que eu sempre escrevia cartas pra você, mudando poucas palavras de uma pra outra, e você amava. Tentei te escrever canções de amor, mas só saiam plágios. Com o tempo o encanto não passou, ao contrário, aumentou, mas as curvas de uma garrafa começaram a me parecer mais atraentes do que suas cigânicas curvas. Eu me embriagava, estragava tudo, e não me lembrava no dia seguinte, o que gerava uma briga por litro de bebida. Até hoje, que julgo ter desfeito tudo, e não lhe perturbarei mais...

Triste é saber que amanhã de manhã estarei a sua porta, você me levara pra dentro, cuidará de mim, brigaremos de novo, nos amaremos, beberemos, você vai parar... eu vou continuar, e a curva cíclicamente infinita de nosso romance há de se prolongar enquanto houver você pra mim, eu pra você, e imprudência para nós.
Começo a sentir sono, vou dirigir até sua porta e fazer aquele teatrinho de toda semana. Mas antes deixa eu limpar esse sangue do capô.

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